Tesoura de Vento e suas graves consequências na aviação

Microburst (ventos não ciclônicos ou micro-explosão), na tempestade em Phoenix(EUA).

O fenômeno meteorológico Windshear, também conhecido como Tesoura de vento ou Cortante de vento, representa uma rápida variação na velocidade ou direção do vento em uma curta distância ou tempo. 

Pode ocorrer horizontal ou verticalmente e em qualquer altitude da atmosfera, geralmente em decorrência de outros fenômenos como trovoadas e nuvens convectivas, frentes frias, correntes de jato e inversões de temperatura, assim como em associação à presença e proximidade de montanhas, prédios e turbinas eólicas.

Rajadas descendentes provocadas por nuvens de tempestade, chamadas de microexplosões (microbursts), são o tipo mais perigoso de tesoura de vento. Como o exemplo desse vídeo abaixo, em imagens captadas por câmera do site www.climaaovivo.com.br:

Tesoura de Vento – Riscos à operação aérea

Segundo a Flight Safety Foundation, ao menos 70 acidentes aeronáuticos na aviação comercial mundial estiveram associados à windshear entre os anos de 1943 e 2009, causando um total de 1.573 fatalidades. 

A rápida variação do vento pode transformar qualquer operação de voo de rotina em uma manobra de recuperação de emergência em questão de segundos, comprometendo a capacidade da aeronave de manter a trajetória desejada.

Variações de atitude, na razão de subida ou descida, na velocidade indicada e nos requisitos de potência são os efeitos mais comuns sobre as aeronaves. Por estas razões, a condição é especialmente perigosa durante as fases de decolagem, aproximação e pouso quando o piloto dispõe de pouco tempo para estabilizar o voo antes de uma possível colisão contra o solo.

Oscilação na altitude de voo causada pela Tesoura de Vento
Photo by ANAC

Como evitar o perigo

Com o objetivo de evitar as tesouras de vento, ou ao menos mitigar os riscos associados à operação nestas condições, é fundamental que todo piloto tenha conhecimento e receba instrução com relação à análise preditiva e identificação deste fenômeno.

Neste sentido, o planejamento de voo é o conceito mais importante para a manutenção da segurança frente às tesouras de vento.

Antes de cada voo, é importante que o piloto se informe através de reportes METAR e TAF, imagens de satélite, de radar meteorológico, cartas de prognósticos (SIGWX), mapa de descargas elétricas, ventos e turbulência em diferentes altitudes ao longo de todo o trajeto da viagem e principalmente nas proximidades dos aeródromos de partida, destino e alternativa. Desta maneira poderá identificar fatores de alerta para a possibilidade de windshear em sua rota.

Mecanismo de uma colisão ao solo causada por uma Tesoura de Vento.
Photo by ANAC

Uma vez em voo, cabe ao piloto analisar criteriosamente os fatores meteorológicos presentes seja visualmente, por radar, através de ATIS ou informação recebida do tráfego aéreo, VOLMET ou reporte meteorológico de outras aeronaves, estando sempre atento a situações associadas à formação de tesouras de vento.

Adicionalmente, variações inesperadas de 15kt ou mais na velocidade indicada ou 500ft/min ou mais na razão de subida ou descida são indicativos do encontro real com uma tesoura de vento em voo.

Aeronaves mais modernas oferecem ainda um sistema chamado EGPWS (Enhanced Ground Proximity System). Que em versões mais completas possui função de previsão de tesoura de vento (Predictive Windshear) capaz de alertar a tripulação instantes antes do ingresso em voo em uma área com tesoura de vento ativa. 

O que fazer em caso de windshear

Caso condições indicativas de tesoura de vento sejam identificadas, seja em solo ou em voo, recomenda-se evitar operações de pouso e decolagem na região até que estas se dissipem.

Ainda assim, se o piloto julgar viável prosseguir, deve considerar utilizar a maior pista disponível no aeródromo e/ou aquela que direcione a trajetória do voo o mais longe possível de trovoadas ou qualquer outro fator potencialmente perigoso.

Se o encontro com uma tesoura de vento ocorrer durante a corrida de decolagem e antes da rotação, aborte a decolagem.

Se em voo a baixa altura, execute uma arremetida no ar mantendo asas niveladas, potência máxima e pitch positivo até que esteja completamente livre da interferência da tesoura de vento. Jamais subestime a intensidade ou duração do encontro.

Para saber ainda mais, confira também este excelente material produzido pela ANAC.

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