COVID-19 e Viagens: o voo durante a pandemia

Já no início da pandemia, a malha aérea internacional foi drasticamente reduzida por conta do temor de vários países em receberem passageiros possivelmente contaminados. O cancelamento massivo das viagens de negócio, as restrições ao turismo e a piora da economia ajudam a explicar a crise no setor.

Após o choque inicial, tanto a aviação geral quanto a comercial se adaptaram às novas necessidades e dão os primeiros passos a caminho de uma recuperação que tende a ser lenta. Mesmo com a expansão da oferta de linhas aéreas, no momento da publicação deste texto, a recomendação era que apenas viagens essenciais fossem feitas .

A seguir, entenda porque é seguro viajar de avião durante a pandemia, veja maneiras de se proteger da contaminação durante a viagem e como a aviação está performando.


Photo by Camila Perez on Unsplash

Porque é seguro viajar de avião mesmo na pandemia

Em 2018 Hertzberg et al, publicaram um estudo intitulado “Behaviors, movements, and transmission of droplet-mediated respiratory diseases during transcontinental airline flights”que trata da transmissão de doenças respiratórias a bordo de um voo comercial doméstico.

Dadas certas premissas, como a duração do voo (o estudo envolveu voos entre Atlanta, que fica na costa leste e destinos na costa oeste dos EUA); transmissão da doença por gotículas (diferentemente do que foi simulado na pesquisa, especula-se que a transmissão do SARS-CoV-2 não se dê apenas por gotículas mas também por aerossóis);e a movimentação dos passageiros durante a viagem, a pesquisa concluiu que apenas os passageiros sentados próximos a uma pessoa infectada possuíam uma probabilidade alta de infecção.

O estudo não levou em conta o uso de proteções faciais, que agora são obrigatórias nos voos comerciais e recomendadas nos voos particulares. As máscaras reduzem consideravelmente o espalhamento de gotículas e consequentemente a possibilidade de transmissão do vírus, mesmo para os ocupantes próximos.

Gráfico em forma de mapa de calor que mostra a probabilidade de um passageiro contaminado (triângulo) infectar outros passageiros (quadrados) e tripulantes (círculo) — (Hertzberg at al, 2018)

Na aviação geral a contaminação é ainda mais improvável, pois o volume de pessoas transportadas em cada voo é consideravelmente menor, com isso a possibilidade de haver alguém contaminado a bordo é reduzida. Além disso, é mais simples para a tripulação garantir a execução das normas de proteção em voo por parte dos passageiros.

O risco de infecção nos aeródromos está sendo minorado com uma série de mudanças e regras de higiene expostas à diante.


Aviação Comercial Doméstica

Photo by Tim Gouw on Unsplash

Passado o pior, que parece ter sido em abril, quando houve uma queda de aproximadamente 93% na demanda, o mercado doméstico teve um pequeno aquecimento, em junho a demanda estava 85% menor que no mesmo período de 2019 . Os prejuízos levaram a Avianca, que já se encontrava seriamente endividada, a decretar falência e a Latam a iniciar um processo de recuperação judicial. Outras empresas do setor aeronáutico também passam por momentos difíceis, como a Embraer que teve uma queda de 77% em sua receita e estuda novos programas de demissão voluntária.

Várias companhias tem previsões para aretomada das linhas internacionais a partir de agosto e pouco a pouco a malha aérea essencial vai ganhando novas rotas.


Como a aviação comercial está lidando com a pandemia

Em resposta a crise o governo publicou em 18 de março a MP 925/2020. O texto foi modificado no decorrer dos trâmites legais até ser aprovado em 15 de julho pelo senado sob a forma de um Projeto de Lei de Conversão (PLV) 23/2020. Ele trata de formas de apoio financeiro às empresas do setor aéreo, além de atualizar os direitos do consumidor em relação à compra de passagens, cancelamento de voo dentre outros para o contexto atual. O saque do FGTS para aeronautas e aeroviários foi vetado em 06 de agosto.

Photo by Dyana Wing So on Unsplash

Nos diversos aeroportos do país as medidas de segurança foram implementadas de maneira mais ou menos alinhada, mas nem sempre estão sendo cumpridas satisfatoriamente conforme relatos de usuários.

Há um incentivo em que se faça o check-in por aplicativos ou por sites, dispensando ou reduzindo o contato com colaboradores das companhias aéreas, pelo mesmo motivo e para reduzir aglomerações, em alguns lugares o despache e recepção das malas também foi reformulado ;

Todos os colaboradores passaram a usar máscaras e proteções apropriadas. Em muitos locais foram instaladas proteções em acrílico separando-os dos clientes em guiches, balcões de atendimento e semelhantes;

A higienização das dependências está mais frequente e é comum o uso de produtos químicos que prometem eliminar o vírus;

Dispensers de álcool em gel foram instalados em vários pontos, assim como avisos que lembram da necessidade do uso da máscara e do distanciamento;

Em alguns aeroportos há câmeras térmicas em áreas estratégicas monitorando o fluxo de pessoas. Se tornou comum aferir a temperatura corporal de cada um antes do acesso aos portões de embarque.

Na maioria dos aeroportos a imagem desoladora criada pela queda no fluxo de clientes circulando e de muitas lojas fechadas, algumas permanentemente, se repete.

Nas aeronaves não é possível manter o distanciamento social recomendado. Cogitou-se deixar vaga a fileira do meio em algumas aeronaves mas conclui-se que é inviável economicamente, além de propiciar um isolamento questionável. Conforme explicado anteriormente com o uso de máscaras, e seguindo os protocolos de higiene a possibilidade de se infectar é mínima.

Companhias aéreas têm disponibilizado álcool em gel aos passageiros durante o voo;

Em voos curtos o serviço de bordo de algumas empresas não oferece mais água ou lanches para o consumo dentro do avião;

Recomenda-se reduzir a movimentação dentro da cabine, isto é, o passageiro deve passar o maior tempo possível em sua poltrona;

Também há orientações para o embarque e desembarque de forma organizada — que vez ou outra não são seguidas;

A desinfecção dos assentos e compartimentos internos está sendo feita com mais frequência, assim como as manutenções do sistema de ar condicionado — especialmente dos agora famosos filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air), responsáveis por garantir a qualidade do ar dentro da cabine.

Para manter-se seguro o passageiro deve seguir as recomendações da empresa aérea em que está viajando e das autoridades. É muito importante usar a máscara o tempo todo, seja no aeroporto ou avião e evitar tocá-la ou retirá-la, mesmo que por curtos períodos de tempo.


O mercado da aviação geral em tempos de pandemia

Inicialmente coronavírus provou um aumento inicial considerável na demanda pelos serviços da aviação geral. Em março, a demanda por jatos executivos, chegou a crescer 70% e nos meses que se seguiram o setor da aviação geral continuou com resultados melhores do que a aviação comercial

Como muitas rotas foram suspensas, várias cidades ficaram sem conexões aéreas e mesmo nas rotas que seguem em operação a frequência dos voos diminui, tornando atrativo o serviço de táxi aéreo ou fretamento de aeronaves, por exemplo.


Protegendo-se do SARS-COV-2 na rotina da aviação geral

Assim como na aviação comercial, os voos particulares devem seguir uma série de mudanças para garantir a segurança da tripulação e dos passageiros.

Para a tripulação é recomendada a realização de um self check, isto é, cada um deve autoanalisar seu estado de saúde e histórico de contatos para avaliar a possibilidade de contaminação, e em caso de suspeitas, se afastar do serviço até a realização de um teste para a doença. Deve-se sempre usar máscaras ou proteções faciais equivalentes, além de higienizar as mãos com frequência;

É recomendável uma breve entrevista com cada passageiro antes do embarque sobre seu estado de saúde e o de qualquer pessoa com quem ele tenha tido contato recentemente; se possível verificar a temperatura de todos e cobrar o uso da máscara durante todo o trajeto.

Para as aeronaves deve-se proceder uma limpeza de todas as superfícies de contato após cada voo. Há uma série de produtos químicos recomendados para a desinfecção e descontaminação do ambiente. Deve-se estar atento às recomendações de uso de cada uma antes de aplicá-las, pois podem deteriorar componentes e acabamentos.

As recomendações ao passageiro são semelhantes as da aviação comercial, ou seja , usar sempre a máscara corretamente, evitando manuseá-la ou retirá-la e higienizar às mãos de tempos em tempos.


Desde que o coronavírus passou a circular comunitariamente qualquer interação com outras pessoas oferece algum risco de infecção, mas a possibilidade de se contaminar dentro do avião ou no aeródromo, seguindo as recomendações de segurança é muito pequena.

Os cuidados extras com as medidas de proteção dos passageiros, tripulantes e demais colaboradores, a higiene mais cuidadosa das aeronaves e aeródromos, novos procedimentos operacionais dentre outros são aborrecimentos necessários para garantir a segurança de todos.

A aviação geral tem se recuperado melhor do que a comercial como era esperado e com isso, têm chamado a atenção para a sua relevância, que tende a aumentar no pós pandemia.


E você, como tem sido sua experiência com os voos desde que a pandemia começou?

Deixe seus comentários e compartilhe com outros pilotos também.

Já conhece a NexAtlas?
Acesse
nossa plataforma e venha planejar seus voos de forma prática e segura!

Sobre nós

Com a interface mais intuitiva do mercado, entregamos informações rápidas que ajudam a planejar até mesmo os voos mais complexos e de última hora.

Segurança

Um bom planejamento do voo aumenta a segurança, reduz o estresse e melhora significativamente o seu rendimento como piloto, qualquer que seja a missão.

Colaboração

Somos uma empresa brasileira construída com o apoio de milhares de pilotos que contribuem diariamente com sugestões de aprimoramentos e correções.